Editorial

Punição é parte da solução

A Justiça condenou ontem, após julgamento em Venâncio Aires, o ex-jogador de futebol William Ribeiro a dois anos e oito meses de prisão por conta da agressão cometida contra o ex-árbitro Rodrigo Crivellaro. Caso o leitor tenha esquecido, o caso a que se refere esta pena é uma das cenas mais impressionantes de violência já vistas no futebol gaúcho. No dia 4 de outubro de 2021, o então atleta do São Paulo de Rio Grande deu um soco no juiz após ser expulso em confronto contra o Guarani de Venâncio Aires. Com Crivellaro caído no gramado, o jogador chutou a nuca, deixando a vítima desacordada.

Um ano e quatro meses após o ocorrido, a violência que acabou por encerrar a ainda inicial carreira do árbitro. Crivellaro conviveu por meses com tratamentos para se recuperar da agressão que, por um detalhe, não deixou sequelas físicas mais graves. Nesse meio tempo, William Ribeiro ainda conseguiu se envolver em outro episódio violento ao bater em outro árbitro, dessa vez em partida de um campeonato amador de futebol 7, em Pelotas.

A pena imposta ao ex-jogador, tanto pelo tempo quanto por ser em regime semiaberto, rapidamente repercutiu nas redes sociais e no meio esportivo, com manifestações que esperavam mais rigidez da Justiça. No entanto, se é que se pode tirar algo de positivo de uma sequência de acontecimentos iniciada com tamanha brutalidade dentro da disputa de uma partida de futebol, este ponto seria o da existência da punição, somada à ampla repercussão que ganharam os fatos.

Ainda assim, é fundamental que a condenação de William Ribeiro seja vista como um caso extremo e pontual no sentido de atentar à necessidade de uma abordagem mais ampla com relação à violência. O que ocorreu no campo do Aldo Dapuzzo é a ponta de um iceberg em que a parte submersa representa a aceitação da agressividade no cotidiano. Dentro e fora do esporte. O que só reforça ser fundamental trabalhar na educação, prevenção e na sensibilização não só de atletas, dirigentes e torcedores. A sociedade em geral precisa ter consciência sobre a importância do respeito e da ética. Valores imprescindíveis em qualquer sociedade civilizada. Dentro das quatro linhas de um gramado ou no dia a dia com amigos, família, desconhecidos.

A condenação de William Ribeiro é exemplo na luta por civilidade. Um sinal de que não deve haver tolerância à violência. Contudo, é apenas um dos passos a serem dados nos esforços para prevenir esse tipo de comportamento e consolidar um - e uma sociedade em geral - de paz, onde insatisfações ou indignações não se transformem em violência capaz de interromper sonhos e carreiras.

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